

Belém História
Cartografia de artes e ofícios do centro histórico de Belém – Projeto premiado no preamar de arte e cultura 2022 – Edital da Secretaria de Cultura do Estado do Pará
A cidade de Belém, fundada em 12 de janeiro de 1616 por Francisco Caldeira Castelo Branco, teve seu alicerce basilar na edificação do local conhecido na contemporaneidade como Forte do Castelo. Foi ao redor deste antigo forte que começou a se formar um povoado designado de Feliz Lusitânia que se expande em seus arredores e passa a ser chamada de Cidade de Belém. No tempo presente este local é designado como Cidade Velha, o primeiro bairro da Cidade de Belém.
O alicerce da cidade de Belém denominado de Feliz Lusitânia era formado por uma ilha, cercada pelo igarapé do Piry e seus afluentes, aterrado em 1803[1]. Em 1620 foi fundada a primeira rua, denominada de Rua do Norte ou Ladeira do Castelo. Esta rua foi renominada de Rua Siqueira Mendes, em homenagem ao ex-presidente da Província (em 1868), cônego e político Manoel José de Siqueira Mendes[2]. A segunda Rua, denominada de Espirito Santo, é hoje conhecida como Rua Doutor Assis, em homenagem ao médico e jornalista paraense Joaquim José de Assis, fundador do Jornal A Província do Pará. A terceira rua, chamada à época de Rua dos Cavaleiros, é hoje denominada de Rua Doutor Malcher, em homenagem ao médico e ex-intendente, José da Gama Malcher. Já a quarta rua, nominada de São João, foi renominada como Rua João Diogo, em homenagem ao político local, João Diogo Clemente.

Mapa: primeiras ruas do povoado colonial Feliz Lusitânia (década de 1630). Bairro Cidade: I. rua do Norte; II. rua do Espirito santo; III. rua dos Cavaleiros; IV. rua de São João; 5. estrada de Santo Antonio
Fonte: Silva, Marcus Vinicius Silva da; Lima, Aline Maria Meiguins de (2021). «RECONSTITUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DO ALAGADO DO PIRY DE JUSSARA em BELÉM-PA - A evolução e impacto na urbanização». Revista Cerrados (Unimontes) (1). (acesso em 12 de outubro de 2023)
Na contemporaneidade, as principais ruas e avenidas que compoem geograficamente o bairro da Cidade Velha são: Avenida Almirante Tamandaré; Rua do Aveiro; Rua Angelo Custódio, em homenagem ao advogado e ex-governador da Provincia do Pará, Angelo Custódio Correa, aberta na década de 1600[1]; Rua de Breves; Rua Doutor Assis; Rua Doutor Malcher; Rua Félix Rocque; Rua Joaquin Távora; Rua Gurupá; Rua Rodrigues dos Santos, em homemagem ao médico e ex-intendente da capital Manoel Waldomiro Rodrigues dos Santos; Rua de Óbidos; Rua Padre Champagnat, em homenagem ao padre Marcelino José Bento Champagnat; Rua Siqueira Mendes; Rua Travessa Monte Alegre.
Em 2012 o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) reconheceu como patrimônio histórico o "conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico dos bairros Cidade Velha e Campina"[2], que juntos formam o Centro Histórico de Belém, reunindo cerca de 2.800 edificações protegidas, entre as quais estão palacetes, palácios, e sobrados conjugados com casas comerciais no térreo e, somam uma população de aproximadamente 18.284 moradores.

Imagem do Complexo Histórico Feliz Lusitânia – Cidade Velha
Foto: Oswaldo Forte/Amazônia Jornal-2020
A CARTOGRAFIA DE OFICIOS NO CENTRO HISTÓRICO DE BELÉM
Através da aplicação do método cartográfico foi possível mapear o total de oito ofícios no Bairro da Cidade Velha e Campina (luthier, sapateiro, alfaiate, amolador de facas, barbeiro, artesão de cuia, carnavalesco e artesão de redes de pesca). A cartografia social aqui acionada como método, permite a composição de diagramas de relações, enfrentamentos e cruzamentos entre forças, agenciamentos, enunciações, jogos de objetivação e subjetivação, produções e estetizações de si mesmo, política de resistência e liberdade. Como estratégia de análise crítica e ação política – olhar crítico que acompanha e descreve relações, trajetórias, formações rizomáticas, a composição de dispositivos – apontando linhas de fuga, ruptura e resistência, ou seja: desemaranhar as linhas de um dispositivo é, em cada caso, traçar um mapa, cartografar, percorrer terras desconhecidas, é o que Foucault chama de ‘trabalho de terreno’. É preciso instalarmo-nos sobre as próprias linhas, que não se contentam apenas em compor um dispositivo, mas atravessam-no, arrastam-no, de norte a sul, de leste a oeste ou em diagonal” (DELEUZE, 2005,p.1)